A investigação científica, tanto na área da sustentabilidade como na da nutrição e da saúde, mostra inequivocamente que é urgente aumentar a proporção global de alimentos de origem vegetal na alimentação humana. Em particular, deve-se apoiar, ao invés de restringir, as pessoas que pretendem adotar regimes alimentares de base puramente vegetal. Estas, note-se, ajudam a compensar o impacto ambiental das que manterão regimes alimentares com teor de produtos de origem animal, em média, acima dos níveis recomendados. As instituições de ensino superior têm o duplo papel de, por um lado, produzir e divulgar investigação científica nestes domínios e, por outro, dar o exemplo aplicando medidas apropriadas nos seus próprios espaços de refeição. Várias universidades têm dado passos nesse sentido, nalguns casos chegando a propor a eliminação de quase todas as formas de alimentação de origem animal.
Com poucas exceções, no Técnico-Alameda as refeições fornecidas situam-se no extremo oposto, nomeadamente com muitas opções de origem animal e quase nenhumas de origem vegetal, ou opções de origem vegetal de baixa qualidade. Esta situação frustra o esforço individual dos membros da comunidade que gostariam de aumentar a proporção de ingredientes de origem vegetal nas suas dietas, e não serve, de todo, os que querem optar sempre por refeições de base vegetal, pois são frequentemente forçados a trazer refeições confecionadas em casa ou, com prejuízo económico e de tempo, a recorrer a restaurantes fora do campus. Acresce que esta situação viola a Lei 11/2017, que impõe a obrigatoriedade de oferta de opções isentas de produtos de origem animal nos refeitórios das universidades.
No entanto, é possível introduzir melhorias substanciais com poucos custos económicos e sem imposições sobre os hábitos alimentares de quem trabalha ou estuda no Técnico. Pelo contrário, trata-se de eliminar imposições atualmente existentes. Esta é uma área em que é fácil obter excelentes resultados com pequeno esforço, uma verdadeira “low hanging fruit” com a qual uma grande escola como o Técnico pode exercer uma influência fortemente positiva na sociedade, através do imenso capital humano que nele habita e se renova constantemente.
Os subscritores desta carta solicitam ao Presidente do IST que tome medidas, se necessário recorrendo a parcerias com entidades experientes neste ramo, nomeadamente o Projeto Prato Sustentável, de forma a que nos espaços de restauração do Técnico existam sempre opções estritamente vegetarianas com variedade e boa qualidade, tanto nutricional como de sabor, ao almoço e nos restantes momentos do dia; e que seja dada prioridade à redução da pegada ambiental de todas as refeições servidas, não só tendendo a reduzir a proporção global de produtos de origem animal, como escolhendo, em geral, produtos com menor impacto ambiental.