Este projeto surgiu em novembro de 2022, na sequência de uma das reivindicações do “Ocupa!”, um movimento internacional que reúne centenas de estudantes com um principal objetivo: o fim dos combustíveis fósseis até 2030.
Na ocupação de novembro, face à emergência e à crise climática que enfrentamos, criou-se uma série de reivindicações locais para as faculdades que participaram no movimento. No caso do IST, uma das reivindicações consistia em criar uma disciplina obrigatória e transversal para todos os cursos sobre Crise Climática e Transição Justa.
Esta iniciativa foi inspirada nos alunos da Universidade de Barcelona que, num período de ocupação de 7 dias, conseguiram pressionar a Universidade a criar uma cadeira obrigatória para 14 mil estudantes que, além de abordar os aspetos técnicos das alterações climáticas, contextualiza os alunos dentro da esfera de justiça social incluindo perspectivas económicas, culturais e históricas associadas à transição energética justa (1,2).
Assim, na sequência da ocupação, e após reuniões com o Conselho Pedagógico, este comprometeu-se em averiguar a possibilidade da criação desta cadeira.
Após as ocupações terminarem, um grupo de estudantes do AmbientalIST, juntamente com o Professor Tiago Domingos – presidente da MARETEC (Centro de Ciências e Engenharia do Ambiente e do Mar) e responsável pela IST-Ambiente – Plataforma de Ciências e Engenharia do Ambiente – uniram forças e começaram a desenhar a cadeira.
Com trabalho e pesquisa, foi possível que a cadeira começasse a ser lecionada no segundo semestre do ano de 2022/2023. A UC – enquadrada como unidade curricular de Humanidades, Artes e Ciências Sociais (HACS) de 3 créditos e aberta a alunos de licenciatura – é constituída por dois módulos: o primeiro focado em crise climática e o segundo em transição energética justa.
O primeiro módulo aborda temas como alterações climáticas, quais as suas causas e impactos, modelos e cenários considerados pelo IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas); globalização e equilíbrio Norte-Sul e modelos de (de)crescimento económico alternativos.
O segundo módulo incide nas temáticas de ação individual vs. ação sistémica; políticas para a transição; papel do sector financeiro, entre outros.
A avaliação é feita através de trabalhos de grupo, tendo estes grupos o apoio dos mentores Ana Caeiro, Constança Fernandes, Luka Dreyer, Mariana Ribeiro, Pedro Baptista e Rita Santos – colaboradores do AmbientalIST que participaram no desenvolvimento da cadeira.
Esta UC foi desenvolvida não só para facultar uma base de informação consolidada sobre os diversos temas especificados acima, mas principalmente para incentivar os alunos a analisar e a desenvolver o pensamento crítico, como futuros engenheiros, sobre ciência climática e os impactos da crise climática nos diversos setores e na sociedade em geral.
Futuramente, espera-se que os conteúdos abordados na cadeira façam parte da formação básica de todos os alunos da nossa escola de forma a que o IST e os seus alunos liderem na mudança de paradigma, reconhecendo que as alterações climáticas e sustentabilidade do planeta são temas de extrema importância, tanto em investigação como na própria educação.
Referências
[4] Página da UC